* Padre Wagner Ferreira da Silva
Após percorrermos o tempo litúrgico da Quaresma, chegamos à Semana Santa, que começa com o domingo de Ramos da Paixão do Senhor. A Semana Santa, por sua vez, nos encaminha para a celebração do Tríduo Pascal, e, finalmente, a Noite Santa da Vigília Pascal, onde rompemos o silêncio da madrugada com o louvor e a glorificação de Cristo ressuscitado dentre os mortos.
No evangelho de João, temos o significado da missão redentora de Jesus Cristo: “É chegada a hora para o Filho do Homem ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caído na terra, não morre, fica só; se morrer, produz muito fruto” (Jo 12, 23-24).
Jesus não foi simplesmente assassinado, mas, como um grão de trigo caído na terra, ele se entregou, como sinal de sua adesão ao projeto de Deus Pai em favor da salvação da humanidade. Na cruz, ele se entrega como oferta de amor, e na ressurreição ele produz frutos de eternidade a todos aqueles que pela fé o proclamam Senhor e Salvador.
Para bem vivermos esses dias de intensa riqueza litúrgica e espiritual, a Igreja nos convida a entrar na lógica pascal de Cristo: assim como ocorre com o grão de trigo semeado na terra, para Jesus sua morte na cruz é o cumprimento da missão que lhe foi confiada pelo Pai. E para realizar esta missão, Jesus estava plenamente motivado pelo amor oblativo, amor traduzido em renúncia de si mesmo e doação da própria vida para que a humanidade recebesse a vida plena em sua gloriosa ressurreição.
Celebrar o mistério pascal de Cristo requer de nós participação ativa nas celebrações em nossas dioceses, paróquias, comunidades eclesiais. É importante participarmos do Tríduo Pascal: na quinta-feira santa, a Missa da Ceia do Senhor, quando celebra-se a instituição do sacramento da Eucaristia na última ceia, além do testemunho de Cristo, que, ao lavar os pés dos discípulos, revela a importância de amar até o fim.
Na Sexta-feira Santa, celebramos a Paixão e Morte de Cristo. No sábado santo, os cristãos são convidados a fazer memória de Cristo que desce à mansão dos mortos para comunicar a salvação aos que dormiam nas sombras da morte. Finalmente, chegaremos à liturgia da Vigília Pascal e ao domingo de Páscoa.
Não podemos deixar de mencionar que, na Semana Santa, muitas comunidades também promovem outras celebrações: a celebração do Encontro, a Via-Sacra, procissão do Senhor morto, a encenação da Paixão de Cristo, os sermões referentes à morte do Senhor entre outras. São oportunidades da graça de Deus que nos comunicam o sentido mais profundo da nossa fé: “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).
Jesus ressuscita do sepulcro como prova de que a vida é mais forte que a morte, o bem é mais forte que o mal, o amor é mais forte que o ódio, a verdade é mais forte que a mentira. Cabe aqui a pergunta: de que lado você está?
A nós cabe perseverar na comunhão de amor a Jesus, vivendo como pessoas ressuscitadas, que, pelo poder do Espírito Santo, testemunham a ressurreição de Cristo, não somente por aquilo que pregam, mas principalmente pela vivência da vida nova: homens e mulheres que pelo mundo afora assumem ser grãos de trigo, porque têm a coragem de doar suas vidas no serviço de amor para que seus semelhantes cheguem à experiência de fé em Jesus, o Salvador da humanidade.
A todos vocês, irmãos e irmãs em Cristo, votos de uma Páscoa repleta do amor do Senhor ressuscitado.
* Padre Wagner Ferreira da Silva é membro consagrado da Comunidade Canção Nova e Doutor em Teologia Moral